(Texto de Maria da Gloria - Fragmento de trabalho acadêmico - Fichamento)
Tenho tido grandes experiências também
através de um trabalho que faço semanalmente numa Comunidade no Bairro de Irajá
onde reunimos crianças, adolescentes e jovens desde fevereiro de 2008, e ali de
principio foi um tanto difícil contornar a situação em termos de disciplina,
mas à medida que eles perceberam que podiam e deviam participar conosco
instrutores, de todas as atividades que a escola lhes proporcionava, passaram a ficar alegres e nós
mais ainda, afinal estávamos alcançando nosso objetivo, pois havíamos pensado
que nome daria a escola? E mediante nosso objetivo maior que era proporcionar
àquelas crianças tão carentes não de pão, mas de oportunidades em que elas
pudessem mostrar seus valores escondidos até mesmo delas próprias.
Assim titulamos nossa escola: Escola Vinde Meninos com Classe nas Artes. E
começamos a mostrar para elas o que é serem meninos, ou seja, o que é ser
criança, o que é ter classe, e o que são na verdade as artes? Brigar? Fazer má
criação pra mamãe? Não fazer o dever de casa? Sendo assim nosso primeiro grande
trabalho foi envolvê-las nas artes plásticas e cênicas, cada um deveriam pintar
uma tela bem bonita, e deixamos para que cada um escolhesse seu estilo, e nós
passando para eles as técnicas da pintura em tela, sendo assim tivemos nossa
primeira mostra de telas, todas pintadas por eles. Assim os pais e toda a Comunidade
foram convidados a vir à exposição.
A classe pintora recebeu o nome de: “Classe Pintando o Sete”, havia
muita alegria no rostinho de cada um.
Também foi ensaiada com um casal
de crianças uma pequena peça com fantoches para recepcionar os convidados da
exposição. Tudo para eles era novidade!
E assim no decorrer desses sete anos tivemos mais duas exposições de
telas, mais exposições de peças artesanais feitas com materiais reciclados, fizemos
passeios culturais, foi levantado conjunto de flautas, os alunos estão também
envolvidos com a campanha ecológica: “Nasce uma Criança planta-se uma Árvore”,
onde cadastramos as grávidas voluntárias, ao nascer o bebê destacamos um aluno
para junto a um instrutor levar e presentear o bebê com uma muda de árvore
frutífera. Portanto é possível sim contribuir para que as crianças que vivem
nessa era tão conturbada, passando por tantas tristezas principalmente em seus
lares, possam ter a oportunidade de mostrar a si mesmas o quanto são capazes de
realizar.
Digo isto porque em nossa
primeira exposição de telas algumas crianças ficaram tristes porque os pais não
atenderam ao convite para vir ver a obra de sua criança. Isto me inspirou uns
pequenos versos.
Hoje já temos algumas mães também participando de nossas atividades
semanais. Para elas estamos ensinando confeitagem de bolos, preparando-as para
brevemente uma exposição de bolos decorados.
Então é sempre possível haver meios de sempre sem criticas, mas procurar
observar onde posso fazer o que posso fazer e como fazer? E vamos com certeza
encontrar os bons meios.
MEU
PAI NÃO PODE VIR
De Maria da Gloria
Não pode ou não quis ver sua criança
feliz?
Criança que espera sempre com olhar
triste e disfarça,
Mesmo assim não perde a graça que lhe
ajuda a viver.
Sem transparecer na primeira infância
A ausência que lhe vai à alma.
Nas festas tão belas, nas aquarelas
feitas por elas!
Até no fictício dos fantoches em
cenário,
Levou essa criança ao imaginário
Tão feliz! Mas papai não viu, e nem pode
sentir,
O que na alma ela sentiu. Sua ausência.
Cadê papai? Alguém pergunta, ele não
pode vir,
A criança responde e também esconde,
Essa ausência da presença do papai
E quem sabe lá bem no fundo da alma
dizer:
Que, seria tão importante se ele tivesse
vindo.
E assistido o que já sei fazer, e poder
me dizer...
Ou nada me dizer, somente me abraçar.